Se comparado aos últimos anos, o ano de 2016 será o ano da transformação da advocacia. Somente presenciamos uma forte transformação deste tipo na década de 90, em que foram publicadas as normas estruturantes da advocacia brasileira, tais como o Estatuto da OAB (1994) e o Código de Ética (1995).
Em 2016, os advogados enfrentarão diversos desafios relacionados à sua prática profissional, ao modo como se relacionam com os clientes e, até mesmo, às possibilidades de atuação na resolução de conflitos. Mais precisamente, em meio às alterações legislativas e disciplinares na advocacia, podemos elencar três grandes elementos que podem transformar o modo de se fazer a advocacia a partir de 2016. São eles:
- Novo CPC: o Novo CPC exigirá um trabalho mais orientado para a produção de conhecimento, e não somente para a sua reprodução. Em diversos momentos do processo de conhecimento, por exemplo, é exigido que o advogado saiba mobilizar teses em face de precedentes. Além disso, a questão da intimação de testemunhas pelo advogado irá exigir uma alta capacidade de gestão de processos e de documentos legais para que não sejam constituídas nulidades. Vale destacar também a possibilidade de realização de negócios processuais, em que a habilidade prática e negocial do advogado será imprescindível;
- Novo Código de Ética da OAB: o Novo CEOAB exigirá do advogado uma seriedade significativa em relação ao modo como se relaciona com os clientes, inclusive no que concerne à questão da precificação. Além disso, a questão do marketing jurídico será importantíssima como estratégia de geração de novos contratos e para o reforço da imagem do advogado perante a comunidade jurídica e o mercado. Com a regulamentação positiva da divulgação virtual de serviços jurídicos, teremos uma nova forma dos advogados darem visibilidade de maneira criativa ao seu trabalho através de ebooks, hangouts, etc;
- Mediação: com a entrada em vigor do Novo CPC e da Lei de Mediação, os advogados poderão inaugurar em seus escritórios uma área de práticas de mediação, o que pode ser bastante promissor a depender do nicho em que se atua. A mediação judicial e, principalmente, a extrajudicial podem oferecer novas formas de resolução de conflitos que sejam mais efetivas e que contribuam para o protagonismo do advogado, e não do Judiciário. Isso requer que o advogado saiba despertar em seus clientes o ânimo para a mediação, o que aumenta a sua responsabilidade no fomento a uma cultura de pactuação ao invés da litigiosidade.
Estas são as principais transformações que prometem mudar o modo como se pratica a advocacia e como se divulga os serviços jurídicos. O resultado só virá com o tempo. Porém, a promessa é que o advogado passará a ter cada vez mais responsabilidades de gestor do seu negócio, tendo que refletir seriamente sobre como aprimorar o marketing, mediação, negociação e os clientes.
Não há dúvidas de que o ano de 2016 imporá o desenvolvimento de novas competências e habilidades que ainda são negligenciados nas faculdades de direito e que são decisivos para o sucesso na carreira. No Instituto Diálogo, temos identificado uma carência significativa dos advogados por conhecimentos relevantes para o seu cotidiano profissional, tais como empreendedorismo, negociação, marketing, precificação, gestão de tempo, e tantos outros.
Ao lado de uma advocacia tímida, teremos em 2016 o ponto de partida para o desenvolvimento de uma advocacia verdadeiramente profissional. Para isso, é fundamental que o advogado invista o seu tempo em (re)pensar continuamente a sua atividade profissional e como pode aperfeiçoá-la do ponto de vista da qualidade e da gestão. De fato, temos novas frentes sendo abertas em 2016, mas para se tornarem oportunidades dependem diretamente da capacidade do advogado mobilizá-las de maneira bem-sucedida e inovadora.